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sábado, 1 de maio de 2010

V Domingo da Páscoa


At 14,21b-27
Sl 144
Ap 21,1-5a
Jo 13,31-33a.34s

Durante todo o tempo pascal a Igreja nos faz contemplar o Ressuscitado e o fruto da sua obra: o dom do Espírito, a nossa santificação, os sacramentos que nascem do seu lado aberto, a Igreja, sua Esposa, desposada no leito da cruz…

Hoje, precisamente, é para a Igreja, comunidade nascida da morte e ressurreição de Cristo, que a Palavra de Deus orienta o nosso olhar.

Primeiramente, é necessário que se diga sem arrodeios: Cristo sonhou com a Igreja, a amou e fundou-a. A Igreja, portanto, é obra do Cristo, foi por ele fundada e a ele pertence! Ela não se pertence a si mesma, não se pode fundar a si própria, não pode estabelecer ela própria a sua verdade. Tudo nela deve referir-se a Cristo e a ele deve conduzir! Mas, há mais: não é muito preciso, não é muito correto dizer que Cristo “fundou” a Igreja. Não! A fundação da Igreja não terminou ainda: Cristo continua fundando, Cristo funda-a ainda hoje, ainda agora, nesta Eucaristia sagrada! Continuamente, o Cordeiro de pé como que imolado, Cabeça da Igreja que é o seu Corpo, funda, renova, sustenta, santifica, sua dileta Esposa pela Palavra e pelos sacramentos: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela Palavra, para apresentá-la a si mesmo a Igreja, gloriosa, se mancha nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível!” (Ef 5,25-27). São afirmações impressionantes, belas, profundas: (1) Cristo amou a sua Igreja e, por ela, morreu e ressuscitou; (2) pela sua morte e ressurreição, de amor infinito, ele purifica continuamente a sua Igreja, santifica-a totalmente, sem desfalecer. Por isso a Igreja é santa, será sempre santa e não poderá jamais perder tal santidade, apesar das infidelidades de seus membros! (3) Este processo de contínua fundação e santificação da Igreja em Cristo dá-se pelo “banho da água” – símbolo do Batismo e dos sacramentos em geral – e pela “Palavra” – símbolo da pregação do Evangelho. Então, Cristo continua edificando sua Igreja neste mundo pela Palavra e pelos sacramentos, sobretudo o Batismo e a Eucaristia. A Igreja não se pertence: ela é de Cristo! E, como esposa de Cristo, é nossa Mãe: ela nos gerou para Cristo no Batismo, para Cristo ela nos alimenta na Eucaristia e de Cristo ela nos fala na sua pregação! Ela é a nossa Mãe católica, desposada pelo Cordeiro imolado na sua Páscoa, como diz o Apocalipse: “estão para realizar-se as núpcias do Cordeiro e sua Esposa já está pronta: concederam-lhe vestir-se com linho puro, resplandecente!” (19,7s).

Pois bem, esta Igreja, tão amada por Cristo, tão nossa Mãe, deve caminhar neste mundo nas dores de parto. Temos um exemplo disso na primeira leitura da Missa de hoje. Paulo e Barnabé vão animando as comunidades, “encorajando os discípulos … a permaneceram firmes na fé”, pois “é preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus”. Assim caminha o Povo de Deus, Comunidade fundada por Cristo e vivificada pelo seu Espírito: entre as tribulações do mundo e as consolações de Deus. Muitas vezes, a Igreja enfrentará dificuldades por parte de seus inimigos externos – aqueles que a perseguem direta ou veladamente, aqueles que desejam o seu fim e, vendo-a com antipatia, trabalham para difamá-la. Mas, também, muitas vezes, a provação vem de dentro da própria Igreja: das fraquezas de seus membros, dos escândalos provocados pela humana fraqueza daqueles que deveriam dar exemplo de uma vida nova em Cristo Jesus. Se é verdade que isto não fere a santidade da Igreja – porque essa santidade vem de Cristo e não de nós -, por outro lado, é verdade também que nossos escândalos e maus exemplos atrapalham e muito a credibilidade do nosso anúncio do Evangelho e a credibilidade do próprio Evangelho como força que renova a humanidade! Infelizmente, enquanto o mundo for mundo, enquanto a Igreja estiver a caminho, experimentará em si a debilidade de seus membros. Assim, foi no grupo dos Doze, assim, nas comunidades do Novo Testamento, assim é hoje. É interessante que o Evangelho de hoje começa com Judas, o nosso irmão, que traiu o Senhor, saindo do Cenáculo, saindo do grupo dos Doze, saindo da Comunidade: “Depois que Judas saiu do cenáculo”… – são as primeiras palavras do Evangelho… E, no entanto, apesar da fraqueza de Judas e dos Doze, apesar da nossa fraqueza, Jesus continua nos amando e crendo em nós: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros”. Não tenhamos medo, não desanimemos, não nos escandalizemos: o Senhor está conosco, ama-nos, porque somos o seu rebanho, as suas ovelhas, a sua Igreja. Ama-nos e derramou sobre nós o seu amor e sua força que é o Espírito Santo!

Se agora vivemos entre tribulações e desafios, nossa esperança é firmemente alicerçada em Cristo; nele, venceremos, nele, a Mãe católica, um dia, triunfará, totalmente glorificada e tendo em seu regaço materno toda a humanidade. Ouçamos – é comovente: “Vi um n ovo céu e uma nova terra… O primeiro céu e a primeira terra passaram e o mar já não existe” – o Senhor nos promete um mundo renovado, sem a marca do pecado, simbolizado pelo mar. “Vi a Cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, vestida qual esposa enfeitada para o seu marido”. – É a Igreja, totalmente renovada pela graça de Cristo, totalmente Esposa, numa eterna aliança de amor, realizada na Páscoa e consumada no fim dos tempos! “Esta é a morada de Deus entre os homens. Deus vai morar no meio deles. Eles serão seu povo, e o próprio Deus estará com eles”. – A Igreja é o “lugar”, o “espaço” onde o Reino acontece visivelmente: Deus, em Cristo, habita no nosso meio e será sempre “Deus-com-eles”, Deus-conosco, Emanuel! “Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem choro, nem dor, nem morte, porque passou o que havia antes. Aquele que está sentado no trono disse: ‘Eis que eu faço novas todas as coisas’”.

Caríssimos, olhem para mim, olhem-se uns para os outros! Somos a cara da Igreja, o cheiro da Igreja, a fisionomia da Igreja, a fraqueza e a força, a fidelidade e a infidelidade, a glória e a vergonha da Igreja! Tão pobre, tão frágil, tão deste mundo… mas também tão destinada à glória, tão divina, tão santa, tão católica, tão de Cristo! Coragem! Vivamos profundamente nossa vida de Igreja; é o único modo de ser cristão como Cristo sonhou! Soframos as dores e desafios da Igreja agora, para sermos partícipes da vitória que Cristo dará a Igreja na glória! Como diz o Apocalipse, “estas palavras são dignas de fé e verdadeiras”. Amém.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

II Domingo da Pascoa


Antes de tudo, duas observações: (1) A Palavra de Deus, neste Domingo, apresenta-nos um contraste muito forte entre escuridão e luz: escuridão da noite do Pai Abraão e luz do Cristo transfigurado; (2) chama atenção, num tempo tão austero como a Quaresma um evangelho tão esfuziante como o da Transfiguração. Não cairia melhor na Páscoa, este texto? Por que a Igreja o coloca aqui, no início do tempo quaresmal? Comecemos pela primeira leitura. Aí, Abraão nos é apresentado numa profunda crise; Deus tinha lhe prometido uma descendência e uma terra e, quase vinte e cinco anos após sua saída de seu pátria e de sua família, o Senhor ainda não lhe dera nada, absolutamente nada! Numa noite escura, noite da alma, Abraão, não mais se conteve e perguntou: “Meu Senhor Deus, que me darás?” (Gn 15,2) Deus, então, “conduziu Abrão para fora e disse-lhe: ‘Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz! Assim será a tua descendência!” Deus tira Abraão do seu mundozinho, de seu modo de ver estreito, da sua angústia, e convida-o a ver e sentir com os olhos e o coração do próprio Deus. “Abrão teve fé no Senhor”. Abraão esperou contra toda esperança, creu contra toda probabilidade, apostando tudo no Senhor, apoiando nele todo seu futuro, todo o sentido de sua existência! Abraão creu! Por isso Deus o considerou seu amigo, “considerou isso como justiça!” E, como recompensa Deus selou uma aliança com nosso Pai na fé: “’Traze-me uma novilha, uma cabra, um carneiro, além de uma rola e uma pombinha’. Abrão trouxe tudo e dividiu os animais ao meio. Aves de rapina se precipitaram sobre os cadáveres, mas Abrão as enxotou. Quando o sol ia se pondo, caiu um sono profundo sobre Abrão e ele foi tomado de grande e misterioso terror”. Abrão entra em crise: no meio da noite – noite cronológica, atmosférica; noite no coração de Abrão – no meio da noite, as aves de rapina ameaçam, e o sono provocado pelo desânimo e a tristeza, rondam nosso Pai na fé… Deus demora, Deus parece ausente, Deus parece brincar com Abraão! Tudo é noite, como muitas vezes na nossa vida e na vida do mundo! Mas, ele persevera, vigia, luta contra as aves rapineiras e o torpor… E, no meio da noite e da desolação, Deus passa, como uma tocha luminosa: “quando o sol se pôs e escureceu, apareceu um braseiro fumegante e uma tocha de fogo… Naquele dia, o Senhor fez aliança com Abrão”. Observemos o mistério: Deus passou, iluminou a noite; a noite fez-se dia: “Naquele dia, Deus fez aliança com Abrão!” Abraão, nosso Pai, esperou, creu, combateu, vigiou e a escuridão fez-se luz, profecia da luz que é Cristo, cumprimento da aliança prometido pelo Senhor! “O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem tremerei?” Eis o cumprimento da Aliança com Abraão: Cristo, que é luz, Cristo que hoje aparece transfigurado sobre o Tabor! Fixemos a atenção no evangelho, sejamos atentos aos detalhes: Jesus estava rezando – “subiu à montanha para rezar” – e, portanto, aberto para o Pai, disponível, todo orientado para o Senhor Deus: Cristo subiu para encontrar seu Deus e Pai! E o Pai o transfigura. Sim, o Pai! Recordemos que é a voz do Pai que sai da nuvem e apresenta Aquele que brilha em luz puríssima: “Este é o meu Filho, o Escolhido!” E a Nuvem que o envolve é sinal do Espírito de Deus, aquela mesma glória de Deus que desceu sobre a Montanha do Sinai (cf. Ex Ex 19,16), sobre a Tenda de Reunião no deserto (cf. Ex 40,34-38), sobre o Templo, quando foi consagrado (cf. 1Rs 8,10-13) e sobre Maria, a Virgem (cf. Lc 1,35). É no Espírito Santo que o Pai transfigura o Filho! Na voz, temos o Pai; no Transfigurado, o Filho; na Nuvem luminosa, o Espírito! E aparecem Moisés e Elias, simbolizando a Lei e os Profetas. Aqui, não nos percamos em loucas divagações e ignóbeis conclusões, como os espíritas, que de modo louco, querem provar com este texto que os mortos se comunicam com os vivos! Trata-se, aqui, de uma visão sobrenatural, não de uma aparição fantasmagórica e natural! Moisés e Elias, que “estavam conversando com Jesus… sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém”. Aqui é preciso compreender! Um pouco antes – Lucas diz que oito dias antes (cf. 9,28) – Jesus tinha avisado que iria sofrer muito e morrer; os discípulos não compreendiam tal linguagem! Agora, sobre o monte, eles vêem que a Lei (Moisés) e os Profetas (Elias) davam testemunho da morte de Jesus, de sua Páscoa! Sua paixão e morte vão conduzi-lo à glória da Ressurreição, glória que Jesus revela agora, de modo maravilhoso! Assim, a fé dos discípulos, que dormiam como Abraão, é fortalecida, como o foi a de Abraão, ao passar a glória do Senhor na tocha de fogo! A verdadeira tocha, a verdadeira luz que ilumina nossas noites sombrias e nossas dúvidas tão persistentes é Jesus! Mas, por que este evangelho logo no início da Quaresma? Precisamente porque estamos caminhando para a Páscoa: a de 2004 e a da Eternidade. Atravessando a noite desta vida e o combate quaresmal, estamos em tempo de oração, vigilância e penitência! A Igreja, como Mãe, carinhosa e sábia, nos anima, revelando-nos qual o nosso objetivo, qual a nossa meta, o nosso destino: trazer em nós a imagem viva do Cristo ressuscitado, transfigurado pelo Espírito Santo do Pai. Escutemos São Paulo: “Nós somos cidadãos do céu. De lá esperamos o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso. Assim, meus irmãos, continuai firmes no Senhor!” Compreendem? Se mantivermos o olhar firme naquilo que nos aguarda – a glória de Cristo –, teremos força para atravessar a noite desta vida e o combate da Quaresma. Somos convidados à perseverança de Abraão, ao seu combate na noite, à vigilância e à esperança, somos convidados a não sermos “inimigos da cruz de Cristo, que só pensam nas coisas terrenas”, somos convidados a viver de fé, a combater na fé! Este é o combate da Quaresma, este é o combate da vida: passar da imagem do homem velho, com seus velhos raciocínios e sentimentos, ao homem novo, imagem do Cristo glorioso! Se formos fiéis, poderemos celebrar a Páscoa deste ano mais assemelhados ao Cristo transfigurado pela glória da Ressurreição e, um dia, seremos totalmente transfigurados à imagem bendita do Filho de Deus, que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina na glória imperecível. Amém! ++++++++

Homilia II
Amados irmãos em Cristo, para compreendermos o que Senhor nos quer dizer hoje, com estas leituras da sua santa Palavra, é necessário recordar que estamos no caminho quaresmal e que este caminho, que nos leva à luz da celebração pascal, é imagem do próprio caminhar nosso neste mundo: caminho por entre trevas e luzes, crises e bonanças, momentos de profunda dor e de grande consolação. No caminho da Quaresma, como naquele outro, da vida, o Senhor nos educa, nos prova, nos consola, nos conforma à sua cruz e nos prepara para participar da sua gloriosa ressurreição. Tomemos, pois, com um coração de discípulos, as leituras deste hoje. Por que a Igreja coloca a luz do Tabor na sobriedade quaresmal? Não assentaria mais este texto no tempo pascal? Tudo é luz no Tabor, tudo é glória de Cristo! Mas, observemos: (1) Jesus sobe ao monte para rezar, para buscar a vontade do Pai. Já aqui temos uma bela lição quaresmal. Se o nosso Salvador rezou durante toda a sua vida, como nós poderíamos não rezar? Como poderíamos nos dar ao luxo de pensar poder ser verdadeiramente cristãos sem buscar sintonizar nosso coração com o coração de Cristo, que é imagem do coração do Pai? Rezando, Jesus é transfigurado na glória do Pai, que é o próprio Espírito Santo, representado pela nuvem luminosa. Também nós, caríssimos, perseverando na oração, traremos certamente em nós o reflexo da glória de Deus que resplandece na face de Cristo – e este é o objetivo da Quaresma: fazer-nos participantes da alegria pascal, plena da glória do Ressuscitado. (2) Pensai agora naqueles que aparecem sobre o Tabor: Moisés, que representa a Lei, e Elias, que representa os profetas de Israel. Eis a mensagem clara: a Lei e os profetas dão testemunho da paixão do Senhor, que irá consumar-se em Jerusalém. A cruz não é um absurdo, mas parte de um desígnio de Deus, desígnio de salvação e de vida, de modo que seria uma tristeza, uma miséria, um cristão desejar ser discípulo de Cristo Jesus fugindo da cruz, comportando-se como inimigo da cruz do Senhor! Será o próprio Senhor ressuscitado quem recordará aos discípulos de Emaús que era necessário que o Cristo sofresse para que entrasse na glória; será o próprio Senhor quem mostrará que tudo isto fora anunciado na Lei e nos profetas, representados hoje por Moisés e Elias (cf. Lc 24,26-27). Quando, pois, a cruz – misteriosa cruz! – bater à porta de nossa vida, não pensemos que tudo é sem sentido, não duvidemos da presença e do amor do Senhor. Também ali, na nossa cruz, na nossa hora, ele está presente e nos convida a participar do seu sofrimento, que conduz à ressurreição! Não nos comportemos como inimigos da cruz de Cristo, buscando uma fé de comodismo, de falta de compromisso, de concessão ao pecado e ao relaxamento na vida espiritual! Na Quaresma o Senhor nos convida a tomarmos com ele nossa cruz, lutando contra o nosso pecado e nossos vícios para participarmos na sinceridade e na verdade da sua vitória pascal! (3) Pensemos nestes Moisés e Elias: como Abraão, que na primeira leitura aprendeu a crer mesmo na noite e na angústia, vigiando e esperando o Senhor, também esses dois que veem a glória de Cristo no Tabor, tiveram que caminhar na oração e no jejum para chegar a contemplar a glória de Deus: Moisés jejuou quarenta dia no cimo do Sinai antes de ver a glória do Senhor; Elias caminhou quarenta dias até o Horeb (que é o mesmo Sinai) para encontrar a Deus. E agora, esses dois, aparecem no brilho da glória de Jesus, o Deus perfeito, Santo de Israel! Eis a mensagem clara: como Abraão, que somente viu a glória de Deus no meio da noite depois da vigília e da provação, como Moisés e Elias, que somente viram o resplendor da glória do Senhor após o combate e a penitência, assim também nós, se quisermos de verdade ser inundados da glória pascal, devemos combater o combate quaresmal! Assim, caríssimos, vivamos conforme o que aprendemos dos Apóstolos e dos santos cristãos que nos precederam na fé! Vivamos como quem sabe que aqui estamos de passagem, a caminho: “somos cidadãos do céu. De lá aguardamos o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso”, esse mesmo corpo de glória que hoje refulge no Tabor. Como nosso pai Abraão, combatamos na fé, na esperança, na obediência amorosa ao Senhor, para que no meio da noite de nossa vida, vejamos o fulgor do Senhor, que é fiel e não nos abandona jamais! Como hoje nos exorta São Paulo, “continuai firmes no Senhor”, pois ele é fiel, ele jamais nos deixará e, após o caminho desta vida dar-nos-á a graça incomparável de participar de sua glória eterna pelos séculos dos séculos. Amém.

sábado, 27 de março de 2010

Domingo de Ramos Ano C


Acompanhar a Cristo

Você já pensou em ser durante essa semana santa um personagem em cena durante a Paixão do Senhor? De que lado você vai estar? Senhor, de que lado eu me encontro? Muitas pessoas do Evangelho aparecerão à nossa mente com as suas peculiaridades, temperamentos, fraquezas, covardias, valores. Entrando no santo Evangelho, nós procuraremos estar presentes durante os sofrimentos do Senhor já que todo o Mistério Pascal faz-se atual nestas celebrações litúrgicas da Semana Santa.

Jesus Cristo, que com apenas uma só gota de sangue poderia salvar-nos, vai ao encontro do mais horrendo dos suplícios, transformando-o assim em sinal de salvação. Ele não manda ninguém para sofrer por nós, Deus vem para morrer por cada um de nós, morre em sua humanidade para levar-nos à divindade.

O historiador latino Suetônio conta de um velho soldado romano, que foi citado para comparecer ao tribunal, que encontrando o César pediu-lhe que o defendesse. César ficou surpreendido pelo atrevido pedido; contudo, para mostrar sua magnanimidade, disse ao soldado: “Enviarei alguém em meu lugar”. Então o velho guerreiro abriu a túnica, descobriu o peito e mostrando as feridas disse: “César, quando no combate uma lança ia atravessar o teu corpo, não enviei ninguém em meu lugar para te defender”. Jesus teve coragem, ele mesmo veio para defender-nos, para libertar-nos, para salvar-nos. Nele sim, podemos confiar!

Diz Santo André de Creta: “acompanhemos o Senhor, que corre apressadamente para a sua Paixão e imitemos os que foram ao seu encontro. Não para estendermos à sua frente, no caminho, ramos de oliveira ou de palma, tapetes ou mantos, mas para nos prostrarmos aos seus pés, com humildade e retidão de espírito, a fim de recebermos o Verbo de Deus que se aproxima, e acolhermos aquele Deus que lugar algum pode conter.” O mesmo santo continua: “em vez de mantos ou ramos sem vida, em vez de folhagens que alegram o olhar por pouco tempo, mas depressa perdem o seu verdor, prostremo-nos aos pés de Cristo revestidos de sua graça”.

Neste Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, vemos que Jesus aceita as honras que lhe são feitas. Porém, as pessoas que agora se mostram súditas do reinado de Cristo não percebem que Cristo reina diferente; o povo que o aclama como rei, gritará com rebeldia: “crucifica-o”. Jesus também aceita que aquela piedosa mulher gaste com ele um perfume muito caro. E eu, o que eu posso fazer nesta semana tão especial que acaba de começar? Eu posso ser mais atencioso no trato com Deus, na oração; parar de reclamar tanto perante as contradições da vida; oferecer as minhas dores a Deus aceitando a sua Vontade santíssima; ser menos preguiçoso, menos pessimista, menos oportunista. O que eu ainda posso fazer? Diga ao Senhor que você deseja que não sejam apenas palavras ao ar, mas que são sinceras e transformar-se-ão em ações. Diga-lhe que você levará o perfume precioso das suas virtudes a Ele. Caso você não consiga levar esse perfume das virtudes, levará ao menos o esforço dedicado e sem desculpas. Os nossos ramos de oliveira precisam ser ramos espirituais. Nós mesmos precisamos ser quais ofertas agradáveis a Deus e prostrar-nos no chão para que Ele passe sobre nós.

Exceto João, jovem e virginal, os outros apóstolos fugiram. Convence-me bastante a idéia de que João permaneceu fiel aos pés da cruz do Senhor não só porque era jovem e puro, que é muito importante, mas porque estava acompanhado da Mãe de Jesus. Peçamos a Nossa Senhora que nos acompanhe nesta Semana Santa para que possamos permanecer firmes com o Senhor aos pés de sua cruz. Peçamos a ela que nos ensine a viver o segredo da fidelidade e da perseverança, o amor. Quem está com Maria está firme e suporta tudo por amor a Deus.

Feliz Semana Santa para todos. Deus vos abençoe!!!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Parabéns, Comunidade Obra de Maria.



Hoje realmente é dia de festa, junto com a Anunciação nós da Obra de Maria Festejamos nossos vinte anos de fundação, anos de alegria e de luta. É uma grande alegria para nós comemorarmos exatamente no dia da Anunciação a nossa fundação é uma festa dupla já que pelo nosso nome proclamamos nosso amor e admiração a Maria Santíssima.

Particularmente hoje eu louvo a Deus por essa comunidade pela pessoa do Gilberto Barbosa nosso fundador e Maria Salomé nossa co-fundadora que juntos são movidos pelo Santo Espírito e nos conduz a incessante busca da salvação. Para mim é um grande prazer fazer parte dessa família. Felicito a cada irmão de comunidade.


Parabéns, Obra de Maria


Pe. Josenilson

Anunciação



Hoje comemoramos com grande alegria a Festa da Anunciação, festa na qual contemplamos a "plenitude dos tempos" (Gl 4,4), isto é, o cumprimento das promessas e das preparações. Maria é convidada a conceber aquele em quem habitará "corporalmente a plenitude da divindade" (Cl 2,9). A resposta divina à sua pergunta "Como se fará isto, se não conheço homem algum?" (Lc 1,34) é dada pelo poder do Espírito: "O Espírito Santo virá sobre ti" (Lc 1,35).

Maria é a escolhida que encontrou graça aos olhos de Deus, com sua simplicidade e obediência deu seu consentimento ao Mistério da Encarnação quando pronunciou o 'fiat" (faça-se). Para ser a Mãe do Salvador, Maria "'foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha função". No momento da Anunciação, o anjo Gabriel a saúda como "cheia de graça". Efetivamente, para poder dar o assentimento livre de sua fé ao anúncio de sua vocação era preciso que ela estivesse totalmente sob a moção da graça de Deus.

A partir do consentimento dado na fé e mantido sem hesitação sob a cruz, a maternidade de Maria se estende aos irmãos e às irmãs de seu Filho "que ainda são peregrinos e expostos aos perigos e às misérias". Jesus, o único Mediador, é o Caminho de nossa oração; Maria, sua Mãe e nossa Mãe, é pura transparência dele. Maria "mostra o Caminho" ("Hodoghitria"), é seu "sinal" conforme a iconografia tradicional no Oriente e no Ocidente.

Com tanta beleza e simplicidade basta a nós filhos e herdeiros de um lindo tesouro (ter Maria como mãe) nos espelhar e aprender a cada dia com ela a dizer sim aos planos de Deus na nossa vida e principalmente para ajudar na salvação das almas.

Maria Santíssima rogai por nós!

Deus abençoe

Padre Josenilson